Â鶹ÊÓƵ

Fortim dos Emboabas, um dos casarões mais antigos de São João del-Rei, é restaurado

Publicada em 19/08/2024

Transforme a memória em futuro. Esse é o tema da campanha , promovida pela Â鶹ÊÓƵ para valorizar o Dia Nacional do Patrimônio Histórico, celebrado em 17 de agosto. Além da campanha, a Universidade também realiza ações concretas em prol do nosso Patrimônio Histórico. A reforma do Fortim dos Emboabas é uma delas.

Doado para a Â鶹ÊÓƵ em 2009, o Fortim dos Emboabas, localizado no Alto das Mercês e gerido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEX), passou por um processo de restauração no primeiro semestre de 2024. Com foco no restauro das esquadrias de madeira, na pintura do casarão, na reparação do telhado e na remoção do reboco, o projeto contou com o envolvimento da PROEX e das pró-reitorias de Administração (PROAD) e de Planejamento e Desenvolvimento (PPLAN), bem como de estudantes e professoras do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Artes Aplicadas (DAUAP) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 

O edifício, tombado na instância municipal e federal, dado o seu inestimável valor histórico, é sede do Centro de Referência de Cultura Popular Max Justo Guedes (CMAX), projeto de extensão da Â鶹ÊÓƵ que contempla o Museu de Vivências, coordenado pelo professor Rogério Picoli (DFIME), e o Museu do Barro, organizado pela professora Zandra Miranda (DAUAP). O imóvel era de propriedade do Almirante Max Justo Guedes, alto escalão da Marinha do Brasil, falecido em 2011. Ainda em vida, o Almirante doou a casa e todo seu acervo de cerâmica indígena, popular e contemporânea para a Â鶹ÊÓƵ. 

Em 2020, foi criado o Comitê de Desenvolvimento do Centro de Referência de Cultura Popular Max Justo Guedes (CDC-CMAX), delegação encarregada de acompanhar a aplicação das diretrizes e normas para o desenvolvimento de ações da Â鶹ÊÓƵ no âmbito do CMAX e no contexto das comunidades nas quais a Universidade está inserida. 

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Chico Brinati, conta que chuvas intensas naquele ano, atreladas ao distanciamento social, causaram degradação do espaço do Fortim dos Emboabas. “Então, todos nós nos movimentamos, e tantos outros, na busca de alternativas para a gente conseguir fazer a restauração do casarão”, acrescenta. 

Mobilização para a restauração
Dado esse cenário, a PROEX montou uma comissão para criação de um projeto de restauro do edifício, que contou com a atuação das professoras do DAUAP Liziane Mangili, Luzia Abreu e Ana Cristina Reis Faria. Além disso, bolsistas da graduação em Arquitetura também contribuíram com o desenvolvimento dos esboços. 

Liziane Mangili, que foi a coordenadora do projeto de restauro das alvenarias externas e esquadrias, explica que uma restauração é muito diferente de uma reforma, porque compreende um levantamento minucioso da situação da edificação. Assim, a equipe, para planejar o restauro, apontou levantamentos e, depois, desenvolveu os desenhos técnicos da situação do casarão.

A professora conta que, nesses desenhos, a comissão apresentou as patologias da edificação, que se referem às trincas, ao desprendimento do reboco, à presença de cupim, umidade, sujidades e outras características do patrimônio. “A gente representa isso num desenho, faz alguns testes para saber o estado de conservação do reboco e, a partir desse mapeamento das patologias, especificamos o que será feito na edificação”, complementa. 

A pró-reitora de Administração, Fernanda Resende, comenta que a PROAD é responsável pela limpeza, manutenção e vigilância do Fortim. Após a delimitação do projeto de restauro, Fernanda menciona que “foi feito o processo de licitação para a parte técnica, que envolveu a PROAD e os engenheiros da Divisão de Projetos e Obras.”

Segundo a chefe do escritório técnico do IPHAN em São João del-Rei, Raymara Gama da Luz, o Instituto tem papel fundamental na fiscalização do conjunto acautelado da cidade e na comunicação de quando há necessidade de intervenção. Por isso, mantém uma relação de parceria com a Universidade e esteve presente durante todas as fases do projeto de restauração.

Na avaliação de Raymara, a troca entre a Â鶹ÊÓƵ e a Instituição é imprescindível, dado que “a proteção do patrimônio cultural é feita por meio de todos os agentes sociais de um local. O IPHAN é apenas mais um personagem desta engrenagem, e poder contar com a parceria com a universidade, seja na produção do conhecimento sobre esse bem cultural, seja na gestão dos bens, nos permite avançar na quantidade de trabalho executado.”

Impacto social e perspectivas futuras
Agora, o Fortim dos Emboabas se restabelece e abre novas possibilidades para a Extensão na Â鶹ÊÓƵ, revelando a importância da preservação destes espaços para a comunidade e a responsabilidade da Instituição nesse processo.

Para Liziane Mangili, “a universidade, além da função de produção de conhecimento, é uma instituição que deve ser um exemplo para a sociedade. E, nesse sentido, eu acho que, por estar inserida em cidades que são consideradas patrimônio, é fundamental que a Â鶹ÊÓƵ não só preserve, quanto se posicione também em relação à preservação do patrimônio cultural.”

Chico Brinati reconhece o papel fundamental da Universidade na preservação destas memórias de São João del-Rei e avalia que as ações realizadas pela Extensão contribuem significativamente “na manutenção e valorização desses espaços.” O pró-reitor ressalta que o “esse planejamento é, com certeza, todo voltado para a comunidade. Não só do entorno, mas da comunidade externa.”

Nesse sentido, o professor diz que o plano agora é retomar as atividades no casarão com um cronograma frequente de uso do espaço, já que o edifício e os projetos têm uma relação histórica com a comunidade. Chico reitera o compromisso contínuo da Â鶹ÊÓƵ na manutenção do Fortim, de modo que a Universidade “consiga realmente dar o devido valor histórico que esse espaço tem, mas também usando ele num cenário atual de como que dá sua importância para aquela região e para São João del-Rei.”

Como chegar
O Fortim dos Emboabas está localizado na rua Altamiro Flôr, 103, no bairro Alto das Mercês, em São João del-Rei. 

Atualmente acontecem no casarão aulas de capoeira, das 10h às 12h, todas as quartas-feiras. Você pode conferir essa e outras atividades promovidas pelos Museu de Vivências e Museu do Barro nas redes sociais dos projetos: e .



Texto e imagem: Clarice Muscalu