Â鶹ÊÓƵ

'Ô moleque, para de desenhar na parede!'

Publicada em 13/10/2024

Quem aqui nunca ouviu isso na infância? Ou, entre os pais e mães, quem nunca falou algo parecido para seus filhos?


Ricardo Coelho, professor dos cursos de Artes Aplicadas e Arquitetura e Urbanismo da Â鶹ÊÓƵ, não é essa pessoa! Seus filhos, Valentina (13)* e Caetano (9)**, riscam as paredes de casa livremente. “Esses riscos não são exatamente o que se pode chamar de sujeira. E podem ser cobertos por tinta a qualquer momento”.


Riscar e desenhar livremente, “não só a parede, mas muitas e muitas folhas de papel, também”, certamente contribuem para o desenvolvimento de habilidades de desenho e até da leitura, acredita Ricardo, vendo o exemplo dos próprios filhos, ambos alfabetizados em casa antes de completarem 5 anos. Aliás, enquanto a gente conversava com o professor, Caetano estava desenhando… no papel!


Caetano já faz desenhos de deixar a gente de queixo caído. Ele tem o “dom”? O professor garante que não é isso: “qualquer criança que tenha acesso a materiais simples como lápis, lápis de cor e folhas, vai desenhar bem. Qualquer criança que tenha acesso a livros ilustrados, vai se interessar por desenhos, por imagens. Qualquer criança que ouve histórias, vai contar histórias. O que diferencia as crianças, neste caso, são as experiências às quais elas terão acesso”


E, afinal, Valentina, já com quase 14 anos ainda pode riscar paredes em casa? “Sim! A vantagem, hoje, é que ela mesma pode pintar de branco quando está saturada.”


E tem muito mais opção para a diversão e aprendizado das crianças e adolescentes fora das telas: a Valentina é campeã no xadrez em várias etapas dos Jogos Escolares Municipais de Minas Gerais. Tina, como é carinhosamente conhecida, treina com a equipe do programa de extensão da Â鶹ÊÓƵ Xadrez nas Comunidades.


Sentiu falta de atividades físicas? Ela também pratica vôlei - e o pai faz parte do treinamento. 


Tá pensando que Caetano fica pra trás? Desde novinho, já caminhava por horas na Serra de São José com a irmã, o pai e a mãe, Phamela. Há pouco tempo, iniciou a prática de tênis de mesa. 

Quer mais ideias para afastar um pouco as crianças das telas? O pai cita mais experiências simples: carrinho de rolimã, pipa e bolinha de gude. “Brincar livremente na rua, sem a supervisão dos pais, como eu mesmo fiz em minha infância e adolescência, na periferia da Zona Leste de São Paulo, onde vivi até 35 anos”, completa.


As responsabilidades da casa não ficam de fora: “Eles cozinham. Valentina é especialista em batata frita, e Caetano, em tapioca. Um lava a louça, o outro seca. Achamos importante   terem responsabilidades, entenderem que a casa é nossa!”


Mas, nesse mundo moderno, é pra banir as telas? “Eles fazem Duolingo, às vezes jogam, às vezes pesquisam, também fazem curtas e animações em stop motion usando apenas o celular. Mas é um tempo limitado!”. 


Lembram do post anterior, em que a Letícia, psicóloga, sugere “observar o tempo gasto, para que esse tempo não seja tão alto a ponto de prejudicar o desenvolvimento de outras atividades, como o brincar livre, as atividades físicas e a convivência com a família” e “acompanhar se o conteúdo é apropriado para a idade”?


Agora é com você! Que tal botar em prática a nossa campanha “Infância além das telas”?


* Valentina ganhou o primeiro celular aos 11 anos, faz uso restrito do dispositivo

* Caetano não tem celular próprio, e a previsão é ganhar na mesma idade da irmã