Artes Cênicas representa a Â鶹ÊÓƵ em colóquio internacional na França
Publicada em 17/12/2024
Em 1999, quando lançou Oráculos de maio, Adélia Prado escreveu o poema A diva:
Vamos ao teatro, Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,
tou podre. Outro dia a gente vamos.
Falou meio triste, culpada,
e um pouco alegre por recusar com orgulho.
TEATRO! Disse no espelho.
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita.
Divas e divos da Â鶹ÊÓƵ viveram experiência semelhante, no colóquio Chantiers d’acteurs: les régimes de présence sur les scènes actuelles – Europe, Brésil, Canada, Japon (Atuação em obras: (pensar) os regimes da presença na cena atual – Europa, Canadá, Brasil, Japão), realizado de 28 de novembro a 5 de dezembro, no Théâtre de l’Aquarium, Cartoucherie de Vincennes, e na Fondation Lucien Paye, Cité Internationale Universitaire, em Paris!
O foi mais uma etapa da “fértil colaboração” entre DEACE, PPGAC e o Departamento de Artes do Espetáculo da Universidade Paris-Nanterre. Presentes, as professoras Maria Clara Ferrer e Juliana Monteiro, ao lado de alunos e egressos do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Â鶹ÊÓƵ e do curso de Teatro, integrantes das equipes dos trabalhos apresentados no evento parisiense. [foto]
A participação da Â鶹ÊÓƵ, viabilizada pelo Edital 010/PROEX – Apoio à Criação e Circulação Artística e pelo Edital 013/2024/PROPE/ASSIN – Bolsa de Estágio Pós-Doutoral para Docente, marca mais uma etapa desse projeto conjunto de pesquisa, que busca, a partir da experiência artística, pensar a diversidade e a plasticidade da presença cênica não como qualidade inata, essencialmente metafísica, mas como representação e relação. A ideia é uma “carta branca performativa”, concebida por atores e atrizes associados, que ressoam nas comunicações científicas sob a forma de histórias de retratos de performers em palco.
Workshops
Escritas fotográficas de presença cênica, o workshop ministrado pela professora Maria Clara Ferrer, explorou a relação entre o corpo e a luz por meio de jogos e exercícios de composição cênica, idealizados e desenvolvidos no âmbito do Projeto Fotocênico, que se apoia no estudo da linguagem fotográfica. Pulmões, o experimento cênico resultante desse projeto, apresentado no Chantiers, nasceu da colaboração entre o Grupo de Pesquisa-Criaçāo Caixa Preta e a Cia. Mineira de Teatro, composta por ex-alunos do DEACE.
No primeiro dia do evento, foi exibido o documentário A presença e suas sombras, também coordenado por Maria Clara, uma parceria entre Â鶹ÊÓƵ, UNIRIO, UNICAMP, Université de Laval, Paris-Nanterre, Paris-Saint Denis, Universidade de Wazeda, Conservatoire National d’Art Dramatique, com financiamento da Fapemig, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPE/Â鶹ÊÓƵ) e da Ecole Universitarire de Recherche ().
Juliana Monteiro falou sobre Momentos de presença, uma oficina dedicada ao método Suzuki, derivado de estudos sobre noh e kabuki kata (Japão), e que envolve rigor físico e movimentos fundamentais (andar, sentar, deitar, levantar) traduzindo diferentes qualidades (lento e rápido, contínuo e interrompido), de modo a conferir-lhes intencionalidade. Um dos principais objetivos aqui é a formação e o desenvolvimento técnico do ator: a sua concentração, o seu equilíbrio, a sua respiração e a sua voz. Peça para ouvir, um delicado desdobramento de estudos de pós-doutorado de Juliana, foi o espetáculo de seu workshop, colaboração do Núcleo A Poética do Invisível (NAPI/Â鶹ÊÓƵ) com artistas que vivem em São João del-Rei.