Reflexões relevantes em perfeita sintonia com nosso tempo
Publicada em 09/07/2021
Experimentar e reinventar são verbos que sempre estiveram à frente da Cultura. Em tempos de isolamento social, o calor dos palcos ou a emoção de passear por exposições tiveram que ser adaptados às telas para, assim, fazer sobreviver a arte, o artista, e todos nós!
Foi dessa forma, virtual, que o artista visual e professor do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Artes Aplicadas da Â鶹ÊÓƵ, Ricardo Coelho, finalizou seu trabalho de pós-doutorado, desenvolvido entre 2020 e 2021, no Instituto de Artes da Unicamp. “Como me parece impossível fazer qualquer trabalho físico nesse atual contexto, elaborei uma simulação virtual com boa qualidade para marcar simbolicamente esse momento”, explica Ricardo. E assim surgiu a exposição virtual A pintura como meio na instalação contemporânea, que está disponível no no Instagram.
Neste sábado, 10 de julho, às 17h, Ricardo Coelho recebe para um bate papo o professor Agnaldo Farias, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, um dos mais importantes curadores de Arte do Brasil, e o artista, professor e orientador do estudo em questão, Sergio Niculitcheff, do Instituto de Artes da Unicamp. A conversa poderá ser acompanhada pelo ou pelo .
Exposição
O artista Ricardo Coelho explica que a exposição virtual tem uma dimensão mais simbólica, na medida em que registra o fim de um processo que teve suas sementes lançadas ainda no ano 2001. O nome da pesquisa e da exposição, A pintura como meio na instalação contemporânea, apresenta uma série de reflexões em torno da linguagem da pintura utilizada na instalação hoje, mas que, por outro lado, nos remete a obras produzidas desde a Antiguidade Clássica. Do ponto de vista da prática artística, a pesquisa resulta em duas instalações: Retratos de corredor e À sua imagem e semelhança.
O que Ricardo quer reforçar com esse trabalho é algo “com um alto teor de obviedade, tão óbvio, no entanto, que simplesmente não percebemos mais, ou seja: a pintura realista feita com meios tradicionais, como a tinta a óleo, também pode ter configurações originais, provocando reflexões importantes, em perfeita sintonia com o nosso tempo”, analisa.
À sua imagem e semelhança partiu de um versículo do Antigo Testamento: “E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; macho e fêmea ele os criou”, na tradução do Gênesis (1,27) feita diretamente do hebraico por Haroldo de Campos. A partir dessa passagem, Ricardo começou a pensar as concepções culturais de identidade não apenas como variações fenotípicas por meio de aparências físicas distintas, mas também as próprias fragilidades da noção de identidade como a concebemos no mundo ocidental. Esta será sempre, ao considerarmos o indivíduo, em última instância, uma categoria a ser definida pela subjetividade de cada pessoa, seja qual for a sua identidade de gênero.
A pesquisa também já está nas salas de aula de Ricardo, que ministra as disciplinas Arte contemporânea e Curadoria e expografia de exposições de arte, no curso de Artes Aplicadas da Â鶹ÊÓƵ.
Ricardo Coelho
Nascido em São Paulo no ano de 1974, Ricardo Coelho é um artista visual com mais de 40 mostras em espaços como a Casa das Rosas, Centro Cultural São Paulo, Funarte, Fundação Bienal, Centro Cultural Banco do Brasil, além de participações no 2º Prêmio Cultural Sérgio Mota e Vídeo Brasil. É doutor em Artes Visuais pela Unesp (2015), tendo realizado parte de sua pesquisa na Universitat de Barcelona (2014). Atua ainda como curador independente e designer de exposições. Desde 2009, é professor do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Artes Aplicadas da Universidade Federal de São João del-Rei.
Entre 2010 e 2013, coordenou a área de Artes Visuais do Inverno Cultural Â鶹ÊÓƵ, e todas essas experiências desaguam nessa exposição virtual. “Evidentemente que há as tecnologias, e para isso sempre é necessário pessoas capacitadas para ajudarem a construir o que foi projetado no papel. Eu tenho sorte de conhecer as pessoas certas, pessoas que compreendem meu nível de exigência como uma postura profissional. Acho que foi mais difícil para essas pessoas que tiveram que aguentar do que para mim”, considera, o rosto iluminado de alegria.
Por mais que o artista-professor já tenha participado de tantas mostras importantes no Brasil, tenha um livro bilíngue publicado (O que há de humano em nós, 2016), tenha artigos publicados nas principais revistas científicas de arte e cultura do país, ele ainda quer muito mais: “Pretendo viver muitos anos. Faço arte porque sinto essa necessidade, sem preocupação com o cenário artístico ou minha eventual importância. Já tomei a primeira dose da vacina... Então minhas expectativas são boas”, declara.
Viva a Arte, a Cultura, a Vacina e a Ciência - para todos! Sigamos esperançosos de que dias melhores virão!