Em livro, pedagoga da Â鶹ÊÓƵ reflete sobre moradia estudantil
Publicada em 09/02/2022
A Editora KDP lançou o livro Universidade para quem: a moradia estudantil e suas contradições na permanência dos estudantes pobres, de autoria da pedagoga Ermita Rodrigues. O livro apresenta sua dissertação de mestrado, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Â鶹ÊÓƵ (PPEDU), no ano passado, sob a orientação da professora Bruna Sola da Silva Ramos (Deced).
Para a autora, o texto, em linhas gerais, foi construído para responder à seguinte questão: quais são os modos de vida de estudantes que residem na moradia estudantil de uma universidade pública do interior de Minas Gerais, e que implicações essas vivências trazem para suas trajetórias acadêmicas? Essa pergunta, segundo ela, se desdobra no texto em diversas outras que remontam à história e ao contexto da criação dessa política de ação afirmativa, que é a moradia estudantil. Ermita se vale de autores como Paulo Freire, que oferece veredas para se conhecer “ação e reação dos sujeitos oprimidos” que habitam esses espaços de moradia nas universidades públicas.
O interesse da pesquisadora pelo tema parte de sua própria biografia. “Venho de uma família pobre que carrega na lembrança o sofrimento que as desigualdades sociais imprimem no ser humano. O interesse por essa temática de investigação é, para mim, também, produto da relação das identidades que trago comigo”, revela.
Nesta posição, Ermita busca com sua pesquisa ecoar vozes dos sujeitos “pobres, negros, estudantes de graduação.” Mais vozes se somam a seu trabalho: “a de autoras e autores que contribuem para a reflexão acerca do universo da moradia estudantil e das contradições que a envolvem na garantia da permanência dos estudantes pobres.”
Direitos humanos
O livro é dividido em seis capítulos. O capítulo inicial se baseia nos estudos de Paulo Freire, sobre pobreza e exclusão, para compreender o estudante como um “sujeito de direitos humanos” e introduzir as condições sociais vividas por esses discentes pobres. Nos capítulos seguintes, Ermita Rodrigues traça um panorama da assistência estudantil no Brasil e os estudos sobre o tema, apresenta os caminhos de sua pesquisa, e propõe uma análise crítica do histórico da moradia estudantil, onde a pesquisa foi realizada. A autora divulga também entrevistas feitas com os próprios estudantes da moradia e, nas considerações finais, constrói sentidos para o todo o trabalho.
Espaço educativo
De acordo com a pedagoga, o livro interessa a gestores das universidades públicas; residentes de moradias estudantis, alunos de graduação em geral e todos que se interessam pela assistência estudantil e políticas de ações afirmativas no Brasil.
Diante das análises da pesquisa, a autora revela ter obtido indícios suficientes que apontam para modos de vida pautados pela opressão e pela desumanização nas moradias estudantis, mas também se diz confiante pelo trabalho e pela esperança de um futuro melhor, a ser conquistado por meio do ato de estudar. “Foi possível perceber que as vivências na universidade pública permitem a esses estudantes uma formação para além dos espaços formais da Universidade e das salas de aula. Nesse sentido, a própria moradia estudantil emerge como espaço educativo. Ainda que eduque sobre o sofrimento e certo abandono, a vivência na moradia também pode educar para a construção coletiva, a luta organizada e para o confronto contra as desigualdades sociais”, afirma Ermita.
O livro pode ser adquirido no site da Amazon, tanto em formato digital quanto impresso, neste link: .